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domingo, 13 de março de 2011

VIVENDO AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

Como foi enriquecedora a criação do Pão da Mata, até hoje colho os frutos dessa semente que foi plantada em Vargem Grande em 1997, e sua proposta continua viva e cada vez mais forte dentro da minha filosofia de trabalho, que é a de contribuir para a disseminação de uma alimentação saudável, integral e consciente, em todos os seus âmbitos até naqueles mais profundos, que vão além da absorção, digestão e eliminação. 
Hoje, Nutricionista e pós-graduanda fui buscar na teoria e na ciência o que pratiquei de maneira intuitiva no Pão da Mata , desde da criação do primeiro pão, quando a alquimia sagrada foi feita. Selava dentro de mim uma missão, a qual eu nem podia imaginar que entre livros, artigos, monografias, tabelas de composição de alimentos, cálculos de dietas e distribuição de macronutrientes, num movimento cíclico e não por acaso eu vinha corroborar com o que pregava no Pão da Mata, quando em seus cardápios colocava a disposição da clientela os carboidratos complexos, que liberam glicose de maneira lenta e gradual para o sangue; as proteínas tanto as vegetais como as animais, com os seus aminoácidos, que constituem os nossos tecidos, formam a nossa massa muscular; que nos dão força e rigidez, tão importante para os dias atuais e de quebra contribuem com o seu colágeno para uma pele bonita com brilho e viço. 
E a gordura, Ah as gorduras!!! Devemos sempre priorizar a vegetal, que bem que ela nos faz, com seus ácidos graxos essenciais, o qual não produziríamos se não fosse aquele fio de azeite extra-virgem por cima do nosso sanduíche, da nossa salada ou daquela deliciosa sopa nas noites frias de Vargem Grande , não seríamos capazes de sintetizá-las dentro do nosso organismo, se não fosse a linhaça, as oleaginosas e os seus óleos, elas não iriam exercer as suas funções de carregar determinadas vitaminas, sintetizar os hormônios e manter a membrana celular íntegra. Sabe aquela salada bem colorida do Pão da Mata? Lá dentro tinha além dos macronutrientes, os micros também, que são vitais, e com os seus coloridos enfeitam e dão vitalidade a qualquer prato, são as vitaminas e os minerais, que em suas quantidades mínimas são de suma importância no perfeito funcionamento do nosso organismo, salve eles!!!!
De tanto ler artigo conheci também, os oligoelementos que com suas nanos quantidades, deixam a gente cheia de energia vital para os nossos trabalhos, e os alimentos bioativos, que nos dão vida e nos remoçam, todos lá, germinando e brotando no cardápio do nosso lendário Pão da Mata. 
Diante de tanta comprovação, não foi toa que para adquirir o direito de exercer a minha profissão, eu defendi a tese que para envelhecermos de maneira saudável precisamos subir mais vezes a montanha do parque da Pedra Branca e na volta escolher um suco natural, que segundo a ciência pode ser verde, vermelho, roxo, amarelo, depende da circunstância, porque o corpo fala e pede! E um sanduíche do cardápio do Pão da Mata, que pode ser o Sacarrão ou quem sabe o Morgado, lembra?

VIVENDO DIAS ALTERNADOS EM BANGU

Depois de defendida a monografia e com o CRN em punho, lá fui eu procurar meu primeiro emprego como Nutricionista, aí começa aquela corrida para lá e para cá mandando currículo, entrando em sites de emprego, falando com um e com outro. "Alô mercado de trabalho, sou Nutricionista, tem um emprego para mim?”
Foi quando fui chamada para uma entrevista com a Nutricionista chefe de uma empresa de Alimentação Coletiva.
Papo vai e papo vem. Bem eu tenho uma vaga para Nutricionista de produção, gostei de você, é recém-formada, essa vaga é um desafio para uma recém-formada, depois que passar por lá você pega qualquer cozinha. É mais velha, madura, sábia, responsável, parece ser comprometida, acho que vai servir para minha vaga.
É no presídio em Bangu, vai?
Vou!
E lá fui eu, panelas batendo, caixas sendo tacadas, paletes jogados, frango sendo carregado (logo no lugar que eu estava, crente que não estava atrapalhando), caixas de banana para lá e para cá e carne gorda, pingando seu sangue pelo caminho, marcando o seu território.
Entre cozinheiros, auxiliares, estoquistas, encarregados e internas, lá estava eu pagando comida para a cadeia.
Eis que de repente uma interna chega para mim e pergunta:
Dona Mariana vai pagar que cadeia primeiro? Bangu 5, 7, 8, galeria, anexo ou pavilhão??
De fato estou lá no Talavera Bruce, penitenciária feminina, grande aprendizado social, humano, solidário que só vem enriquecer o atendimento nutricional e holístico. Afinal o homem é feito de fases. E essa é mais uma.
Interna que trabalha na cozinha Industrial do Talavera, tem folha de ponto, salário, diminuição da pena e ainda um cubículo individual para chamar de seu, com chave e tudo! (interessante, né?).